Governo Separa ‘PIB Público’ E ‘PIB Privado’ Para Tentar Mostrar Que Economia Vai Bem

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Na tentativa de mostrar que a economia do país vai bem, a Secom governo da Presidência da República. Embora apresentou em suas redes sociais um recorte do PIB (Produto Interno Bruto) que não é usado pelo IBGE.

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A estratégia é questionada por especialistas. A Presidência afirma que o PIB privado cresceu 2,75%, enquanto o PIB público recuou 2,25%.

A publicação, que cita o Ministério da Economia como fonte, afirma que no modelo adotado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o Estado deixa de ser protagonista e dá espaço à iniciativa privada.

Governo Separa 'PIB Público' E 'PIB Privado' Para Tentar Mostrar Que Economia Vai Bem 07 de março de 2020

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Nesta semana, o IBGE divulgou o resultado do PIB do ano passado, que teve alta de 1,1%. O dado veio menor do que o projetado inicialmente pelo mercado e pelo governo e consolidou 2019 como o terceiro ano seguido de fraco crescimento da economia.

A publicação da Secom afirma que o resultado “fica abaixo do índice de mentiras de quem torce contra o Brasil” e que o recuo do PIB público é “bom pro Brasil”.

De acordo com a professora de Economia da USP (Universidade de São Paulo) Laura Carvalho, a conta feita pelo governo não é reconhecida pelo IBGE e não é feita por outros órgãos estatísticos no mundo. “Isso fere os princípios básicos do conceito de PIB, que exige que se trate a economia como um todo”, disse.

A economista afirma que a conta é ideológica

Essa separação cria distorções, segundo ela, porque, muitas vezes, bens produzidos pelo governo são consumidos pelas famílias. Produtos de empresas também são usados pelo governo, como na compra de medicamentos pelo SUS, por exemplo.

Outro problema, para a pesquisadora, estaria no fato de o cálculo do governo incluir investimentos de estatais na conta do setor privado.

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A professora também questiona o argumento do governo de que o crescimento privado está substituindo o setor público.

“Não é que houve uma alocação melhor de recursos. É simplesmente que o governo está com menos recursos e está investindo menos, gastando menos com infraestrutura. Isso não tem de ser celebrado”, afirmou.

Recursos para investir

O cálculo também foi criticado pelo economista da FGV e ex-secretário de Política Econômica Manoel Carlos Pires. Para ele, a divisão entre PIB público e privado não faz sentido.

“Essas coisas não são separáveis nesses termos. Quando o governo usa recursos para investir, de maneira geral, quem produz o bem de capital ou faz a construção é o setor privado, que é contratado para produzir esse tipo de bem ou de serviço. Por essa razão, essa abordagem está errada. Não existe PIB do governo”, afirmou em artigo que analisa o estudo da SPE

O economista e professor da Unb (Universidade de Brasília) Roberto Ellery, que chegou a colaborar com a equipe econômica de Bolsonaro, também é crítico do modelo. Em artigo, ele afirma não ser novidade que o consumo do governo cresça menos do que o consumo das famílias e do investimento.

Em uma análise histórica, o economista afirma que dos últimos 23 anos, 15 registraram crescimento menor do consumo do governo, em comparação com o consumo das famílias.

Além de questionar pontos metodológicos do cálculo, ele ressalta que o esforço do governo atual em fazer reformas ainda não é sentido nas contas.

“Os frutos desse esforço ainda vão demorar um bocado para aparecer. Entendo que exista uma tentação para mostrar resultados, mas é preciso tomar cuidado”, afirma.

Pelo Twitter, o secretário de Política Econômica, Adolfo Sachsida, rebateu as críticas ao afirmar que apresentações de outras gestões do ministério e também do Banco Central usavam o conceito de PIB privado.

“Um exercício feito pelo ministério”

O diretor-executivo da IFI (Instituição Fiscal Independente), Felipe Salto, afirma não ver o cálculo como um grande problema, considerando que é “um exercício feito pelo ministério”.

Sobretudo após a divulgação do PIB de 2019, o ministro Paulo Guedes (Economia) afirmou que o resultado já era esperado e que a atividade está acelerando. Ele ressaltou que o desempenho da economia foi melhorando gradualmente ao longo do ano passado.

Subordinado de Guedes, o secretário do Tesouro, Mansueto Almeida, usou tom menos otimista e afirmou que o crescimento do ano passado foi muito baixo, não é normal e causa frustração na sociedade governo presidência.

Entretanto na quarta (4), Bolsonaro ironizou o resultado ao pedir que um humorista respondesse às perguntas da imprensa sobre o PIB.

No dia seguinte, ele se queixou pelo fato de a imprensa ter publicado que ele fez piada com o dado.

Assim sendo o presidente afirmou ter ouvido de empresários governo presidência que o Brasil está bem governo presidência.

Contudo o dado de investimento inclui os setores público e privado, a pasta usa projeções de pesquisadores e dados do Tesouro para estimar qual a parcela dessa conta sob responsabilidade do governo.

Embora a Secom tenha usado o dado após a divulgação do PIB do ano completo de 2019. Assim sendo o Ministério da Economia informou que a base da informação é uma nota produzida em janeiro.

Assim sendo o documento, a SPE compara o terceiro trimestre do ano passado com o mesmo período de 2018 para chegar à alta de 2,75% no PIB privado e ao recuo de 2,25% no PIB público.

Em suma o resultado, quando são acumulados quatro trimestres. São mais modestos, com 1,81% de crescimento do PIB privado e 1,11% de queda do PIB público.

 

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